terça-feira, 27 de outubro de 2009

Multiplus

Às vezes sinto que estou em vários lugares.

No meu apartamento, em que tudo tem um pouco da minha história, como a máscara de Veneza que minha irmã trouxe para mim em 98, na bandeja com que fiquei sonhando no Rio Design e consegui comprar depois de meses, em Catarina, minha estátua de barro vinda de férias maravilhosas de Aracaju, em Camila, a girafa de madeira que é alagoana, nos meus móveis de Gravatá, na toalha de mesa de Recife, no peso de papel que comprei em Tampa, nos quadros de reproduções de Monet que vieram do Met de NY, das minhas canecas e fotos e bilhetes que não consigo jogar fora. E nos cartões postais do Guto que enfeitam minha geladeira e me fazem sorrir sempre que passo por ela.

Há tempos fiquei avaliando que no Orkut (já tão fora de moda...)também sou eu, nos vídeos e comunidades e depoimentos. Um rastro público de mim mesma, uma digital digitalizada. Porque quem entra lá sabe que sou viciada em cafeína, amo U2, gosto muito de Norah Jones, de Loreena Mckennit, que já estive em Ushuaia, em El Calafate, que já morei em Andorinhas, que penso demais na vida e que não vivo sem o Google. Que sou carola, já que gosto de Santo Antonio e amo Nossa Senhora, não importando aqui a concepção que tenha deles. Que eu adoro o Natal e amo muito meus amigos. Essa sou eu, com quase todas as letras.

É engraçado pensar em como nos projetamos e como somos vistos. Ego, super-ego e alter-ego deviam conviver melhor, mas às vezes geram confusão em nós mesmos. Ainda estranho a percepção que os outros tem de mim, Não discuto, tento entender, já que os filtros, como disse um amigo, são diferentes para cada um. E leva tempo e esforço para aceitar com serenidade os julgamentos.

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